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Planejamento Étnico- Racial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS

GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA À DISTÂNCIA – PEAD

 

INTERDISCIPLINA QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO

SOCIOLOGIA E HISTÓRIA

- EIXO VI -

 

Professor Fernando Seffner

Aluna Neuza Terezinha da Rocha

Neuza3241@hotmail.com

Pólo de Gravatai

Atividade: 5

Data: 04/05/09

 

         Enfoque V: Como trabalhar Questões Étnico-Raciais na Escola?

 

         1ª Etapa – Planejamento e apresentação da proposta da prática

 

                                      MOSAICO DA DIVERSIDADE

 

 

           Colégio Estadual Elpídio Ferreira Paes

          Turma 124/ 9

          Neuza Terezinha da Rocha

 

         JUSTIFICATIVA

 

         Abordar a questão étnico-racial numa turma de alfabetização, não é tarefa fácil nem para o professor nem para os alunos porque para lidar com ela é necessário compreender como a diversidade se manifesta no contexto de vida da comunidade.

         Embora não sendo o único espaço de integração social, a escola é o lugar onde se encontra alunos das mais diversas etnias e onde a cor da pele, o modo de falar, as crenças religiosas contribuem para a construção da identidade própria de cada um.

         A identidade se constrói através da tomada de consciência das semelhanças e na valorização da diferença e do contraste do outro.

         Pensar numa educação que integre as questões étnico-raciais significa progredir na discussão sobre as desigualdades sociais, as diferenças raciais e no respeito ao direito de ser diferente, tão necessários nos dias de hoje onde observamos, diariamente, flagrantes e atitudes preconceituosos nos atos, gestos e falas das crianças, jovens e adultos, motivo de tanta descriminação, desrespeito e violência.

 

         OBJETIVOS

 

·        Reconhecer e valorizar as diferenças, as semelhanças e a igualdade oriundas da diversidade étnico, social e cultural.

·        Promover o diálogo e a integração entre as gerações através de pesquisa e busca de informação.

·        Estabelecer as primeiras relações de pertencimento junto ao grupo em busca de identidade própria.

·        Promover as relações de convivência junto aos diferentes grupos sociais de referência: família, escola, igreja, etc.

 

                                     

         PROCEDIMENTOS E ESTRATÉGIAS

        

         Planejamento para dois dias com duração de 8 horas, 4 horas por dia.

 

         Quinta-feira, dia 09/04

 

         PRIMEIRA ATIVIDADE: Contação de história

 

         Com a proximidade da Páscoa e com a premência de construir o Mosaico Étnico-Racial com meus alunos de 2º ano de Ensino Fundamental de 9 anos, iniciei a contação da história Menina Bonita do laço de Fita de Ana Maria Machado.

         Num segundo momento, solicitei que reconstruíssem a história oralmente e através do desenho.

         Surgiram coelhos pretos, brancos, marrons e, claro, a Menina \Bonita de Laço de Fita.

         Depois de muita conversa surgiu o seguinte conceito:

         “Somos brancos ou pretos, se nossos pais e avós são brancos ou pretos”.

         Fiquei pensando (com meus botões) e onde ficam os intermediários, os ditos pardos?

         _ Como abordar essa questão?

         Lembrei então da atividade do espelho realizada na aula presencial, mas não era o momento ainda.

        

 

         SEGUNDA ATIVIDADE: Vídeoclipe

 

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          Após o recreio nos deslocamos até a sala do vídeo, conforme o combinado para a apresentação do Videoclipe “EU” de Paulo Tati.

         Após vermos e ouvirmos o videoclipe, foi criado um debate para discutirmos o que já sabiam sobre suas famílias, pois anteriormente, já haviam construído uma árvore genealógica.

         Concluíram que já tinham um acervo bem grande de informações, fotografias, documentos e que tínhamos apenas de encontrar uma maneira de organizá-los melhor.

         Combinamos que aquele que ainda não tinha algum material poderia reunir durante o fim de semana e que complementariam as informações conversando um pouco mais com algum parente para saber informações sobre suas procedências e origens, tipo:

- Se os pais sempre moraram em Porto Alegre.

- Caso contrário de onde vieram, quando vieram, porque vieram?

- Se sempre residiram no bairro.

- Caso contrário, em que outros já residiram.

- Qual a etnia a que pertencem: africana, portuguesa, indígena, alemã, italiana, etc.

         Também trariam um espelho.

 

          Segunda-feira, 13/04

 

         ATIVIDADE DO ESPELHO

 

         Como os alunos mostraram-se meio tímidos e receosos a professora iniciou a atividade, procedendo a descrição da sua imagem, mais ou menos assim: olhos castanhos escuros, cabelos escuros, não muito lisos e pele branca.

         Ouve um momento de tensão e desestabilização, pois um aluno retrucou, dizendo que a minha pela não era muito branca.

         Surgiram, então, as comparações da cor da pele, uns com os outros; uns eram mais claros, outros mais escuros, mas a turma era na sua maioria de brancos.

         Então, retornamos aos desenhos da história Menina Bonita do Laço de Fita e vimos que lá também apareciam os coelhos brancos, pretos, pretos malhados de branco, brancos malhados de preto, os “misturados” que dará origem ao nome do mosaico, MISTURANÇA.

         Após esse momento descontração, passaram a se olhar no espelho onde compararam suas características físicas: olhos, nariz, boca cabelo, cor da pele e formam mais além, dizendo que também faziam coisas parecidas com o seu pai, com a sua mãe e até com a sua avó.

         Depois fizeram seu auto-retrato numa folha de ofício com grande fidelidade.

         Houve também um breve retorno ao questionário  e usando caixas de vários tamanhos tentei explicar suas representações: países, estados, cidades, bairros. ( Esse conceito é de difícil entendimento, precisa ser retornado em outras ocasiões).

        

         CONSTRUÇÃO DO MOSAICO

 

         Após o recreio, iniciamos a construção do MOSAICO, propriamente dito, ou melhor, a re(construção), pois a tarefa final consistiu em dar significado, (re)significar a sua árvore genealógica, fixando ali as fotos e documentos.

         Enquanto iam realizando essa tarefa, teciam comparações e riam de uma maneira bastante calma e tranqüila, sem grandes tumultos ou tensões que, às vezes, são comuns em atividades semelhantes.

         No dia seguinte, assim que entraram na sala correram a olhar o que haviam construído e continuaram as considerações quase que como numa continuidade da aula anterior...

 

         AVALIAÇÃO

 

         Em se tratando de uma turma de 2º ano, onde alguns ainda não estão alfabetizados, considero que a atividade atingiu seus objetivos. Entre eles, o diálogo entre os familiares, pois até hoje chegam informações sobre os familiares, suas procedências e etnias.

         Também houve uma maior aproximação e integração ente os alunos e a professora que não perdeu a oportunidade de também apresentar sua família sobre a forma de falas, retratos e documentos.

         Vejo que essa atividade suscita material riquíssimo e variado que dão mote para muitas outras e além de trazer o cotidiano da vida dos alunos para dentro da sala de aula.

          Dia desses, um aluno colocou o braço junto ao meu e comentou que o seu braço   era mais escuro porque sua mãe é branca e seu pai é negro.

         Houve desestabilização e reconstrução de novos conceitos e mudanças de atitude que podem ser percebidas em suas falas, gestos e atitudes que repercutem até hoje, por exemplo, a menina que se referia ao colega negro de forma pejorativa e depreciativa, não voltou a fazer.

 

          Segundo Santomé (1955) a "análise profunda dos porquês da opressão e da marginalidade em outra palavra do racismo, nunca deve deve ser evitada" (Ibid.p.170).

 

          O autor também defende mudanças curriulares que permitam "um questionamento das injustiças atuais e das relações sociais de desiguldade e submissão" (Ibid., p.175).

 

          Portanto, a proposta de uma educação voltada para a diversidade coloca a todos nós, professores, o grande desafio de estar atentos às diferenças, sem esquecer, jamais, que a exclusão escolar do aluno está vinculada a uma série de fatores, entre eles, sua origem étinico-racial.

     

            BIBLIOGRAFIA

 

             LEITE, Luciane Andréia Ribeiro 

                "Era uma vez uma menina bonita: Uma resposta relacionada com a questão racial em uma turma de alfabetização".     

          

                                   MOSAICO - MISTURANÇA

                        

          http://img24.imageshack.us/img24/429/mosaicos.jpg

         

 

      

        

        

        

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